domingo, 7 de setembro de 2008

Quis sum?


Passo por ti na rua. Pareço-te absorto noutro mundo? Auto-confiante? Determinado? Apressado? É provável.

Despreocupado, triste, contente? Talvez.

Passo por ti na rua. Sou apenas mais um, igual a todos os outros, sem qualquer diferença pregnante relativamente às pessoas atrás e à frente. Mais alto que uns, mais baixo que outros. Mais bonito que uns, mais feio que outros. Mais pesado que uns, mais leves que outros. Mas, aparte a “casca exterior”, quem de facto sou? E serei também igual aos outros, aí? Não. Para o bem e para o mal, sou completamente diferente. Mas então, quis sum? No meu mais profundo íntimo, quis sum?

Quis sum? Sou aquele que atravessa o Atlântico a nado por ti. Se o mereceres.

Quis sum? Sou o cérebro por detrás da tua queda. Se o mereceres.

Quis sum? Sou alguém que nunca te trairá. Se o mereceres.

Quis sum? Sou o calculista à espera da melhor oportunidade para te despedaçar. Se o mereceres.

Quis sum? Sou aquele que te compreende e aconselha. Se o mereceres.

Quis sum? Sou aquele que te critica e denuncia. Se o mereceres.

Quis sum? Sou o Marthin Luther King dos teus interesses. Se o mereceres.

Quis sum? Sou o José Sócrates dos teus interesses. Se o mereceres.

Quis sum? Quis sum? Quis Sum?

Sou o teu anjo da guarda. Sou o teu melhor amigo. Sou a pessoa que dá a vida pela tua. Sou um servo teu. Sou o teu seguro de vida físico, psicológico, e material. Se o mereceres.

Sou o demónio da destruição. Sou o teu pior inimigo. Sou a foice. Sou a encarnação de Nemesis. Sou a última pessoa que vais ver antes de te arrependeres. Se o mereceres.


Abreviadamente, quis sum?

Sou a melhor pessoa que alguma vez encontrarás. Se o mereceres.

Sou a pior pessoa que alguma vez encontrarás. Se o mereceres.

Este sou eu no meu íntimo. Este sou eu para com as pessoas que merecem o melhor e para as que merecem o pior, respectivamente. Mas quem sou eu no meu dia-a-dia nesta sociedade de merda? Como sou eu para as pessoas “normais”? Sou apenas mais um, igual aos outros. Mais justo, mas mesmo assim, apenas mais um.


Já alguma vez fui realmente eu para com alguém, em toda a minha vida? Sim, para uma única pessoa, durante vários meses. Fui a minha parte melhor. Ela mereceu-o? Não. Nesse tempo, não sei. No global, sem dúvida que não.

Não sei se afinal se transformou totalmente na pessoa que tanto eu como ela detestávamos, ou se sempre foi essa pessoa, mas camuflada, enganando-se a si própria (e a mim). Desconfio, mas certeza absolutíssima, não. Embora já viesse a ter indícios, estupidamente por mim facilmente esquecidos. Enfim, águas passadas. Mas excelente lição.



E eu, em quem me estou a transformar? Fica para outra altura. Mas posso adiantar uma coisa: para mim será melhor, para o mundo será pior. Por mais que não queira, eu aprendo.


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